O primeiro secretário
sindical da EPAL, António Martins, anunciou a paralisação dos funcionários
ligados às áreas de produção, captação, tratamento e distribuição de água na
capital aos microfones da Rádio Luanda, explicando que, em caso de sinistro, o
trabalhador da EPAL "é que tem custeado todas as despesas relativamente à
reparação dos danos físicos que sofre", verificando-se também
"desvios de valores para o pagamento de imposto" no Instituto Nacional
de Segurança Social (INSS).
"Alguns trabalhadores
com idade de reforma sentem-se obrigados a fazer um trabalho que é industrial e
para o qual, pela sua natureza, é necessário um técnico mais jovem, mas por
falta de pagamento no INSS esses são obrigados a continuar a trabalhar mesmo
estando com capacidade física e psicológica reduzida", afirmou o
sindicalista.
Durante a paralisação estão
garantidos os serviços mínimos para o fornecimento de água à população,
garantiu o sindicalista.
António Martins acusou
igualmente a entidade patronal de desviar a imobiliária construída e financiada
pelos trabalhadores, afirmando que as residências abrangidas "estão a ser
distribuídas por pessoas próximas ou parentes de membros da direcção da empresa".
"Os trabalhadores
acabam por ir para a reforma, outros até acabam por falecer, sem nunca receber
uma casa financiada por eles e há também a situação da recusa do pagamento de
salário de alguns trabalhadores que já trabalham há mais de cinco anos",
acusou.
Segundo o primeiro
secretário sindical da EPAL, afecto à Central Geral de Sindicatos Independentes
e Livres de Angola (CGSILA) a empresa pública enfrenta também insuficiência de
produtos químicos para o tratamento de água, "o que periga a vida dos cidadãos
da província de Luanda".
"Há ainda a existência
de um software de gestão financeira que propicia furtos e fraudes financeiros
na empresa, mas o empregador recusa-se a fazer um esforço para pôr cobro a esta
situação, e vamos verificando que há sempre um trabalhador a desviar milhões na
empresa", referiu.
O presidente do conselho de
administração da EPAL, tutelada pelo Ministério da Energia e Águas de Angola,
morreu em Agosto passado, vítima de doença, e a empresa continua sem um novo
presidente, factor que agrava "ainda mais as preocupações dos
funcionários", porque "os administradores dizem não ter legitimidade
para atender a muitas situações".
"Daí que temos, por via
de cartas, requerido ao ministro para que tomasse alguma posição que
influenciasse o Presidente da
República a nomear com
urgência um presidente visto que esta situação está a criar-nos alguns
transtornos", sustentou.
"Mas, de certo modo,
também não aceitamos que esse nosso problema não seja resolvido, porque outros
problemas estão a ser resolvidos, mas só os dos membros do conselho de
administração", realçou.
António Martins falou ainda de "contratos irregulares" para a ligação de água em alguns condomínios, alegadamente em benefício dos membros do conselho de administração.
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