Os 51 arguidos cúmplices do
major bilionário, Lussaty, vão hoje ser ouvidos.
Não se trata do início do
julgamento, mas sim de um processo cujo objectivo é a classificação dos
aspectos da acusação do Ministério Público (Procuradoria Geral da República),
explicou a fonte.
Os arguidos, entre militares
e civis, estão acusados de peculato, branqueamento de capitais e, entre ouros crimes,
de associação criminosa.
Pedro Lussati, que acabou
por dar o nome a este caso altamente mediatizado e com grande impacto na
sociedade angolana e além fronteiras, por estar directamente ligado à Presidência
da República como palco da acção desta associação criminosa, assim o entende o
Ministério Público, foi detido, logo no primeiro episódio desta extensa novela.
A sua detenção ocorreu
quando procurava, alegadamente, em meados de Maio do ano passado, deixar o País
com bagagem contendo milhões de dólares, euros e kwanzas.
O caso foi exponenciado
pouco depois pelo facto de as imagens transmitidas pelas televisões mostrarem
notas em Kwanza da nova série, que chegaram ao mercado já depois da chegada ao
poder de João Lourenço.
A presença destas novas
notas de Kwanza indiciava que estes crimes foram também cometidos depois de
José Eduardo dos Santos ter deixado o Palácio da Cidade Alta e depois da
declaração de guerra à corrupção e ao peculato com que o Presidente João
Lourenço iniciou o seu mandato.
O interesse foi exponenciado
precisamente por este tipo de crimes estar surgir no interior da sua Casa de
Segurança, um dos departamentos mais relevantes da Presidência da República.
Com o desenrolar das
investigações ficou em claro destaque uma reportagem emitida pela TPA onde a
televisão pública mostrava um vasto role de bens imobiliários e outros, com
destaque para dezenas de viaturas de luxo, no País e no exterior, pertencentes
a Pedro Lussati, alegadamente adquiridos com dinheiro conseguido através de
esquemas criminosos.
Apesar de inicialmente este
mediático caso ter ficado conhecido por "Caso Lussati", foi uma
declaração pública do Presidente João Lourenço que o rebaptizou, porque o Chefe
de Estado recorreu à designação oficial dos investigadores que é "Operação
Caranguejo" para explicitar que nem os marimbondos nem os caranguejos
estavam à salvo das garras da justiça.
E foi desta forma que, no
início de Junho, João Lourenço, aproveitando o ensejo, pediu alterações
radicais nas diversas estruturas do Estado, do BNA às forças de segurança, para
"impedir que o caranguejo continuasse a engordar" de forma a garantir
que a sua luta contra este tipo de crimes se mantinha viçosa, tendo, com ou sem
intenção, criado um novo grupo de corruptos, os "caranguejos", que se
juntavam assim aos "marimbondos".
Depois do desmantelamento da organização mais próxima de Pedro Lussati, este caso acabou por estar na génese de várias exonerações nas estruturas da Presidência, sendo a mais conhecida a do general Pedro Sebastião, que era ministro de Estado e Chefe de Casa de Segurança do Presidente da República.
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