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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Genebra: EUA e Rússia reunidos para discutir tensão na Ucrânia

 

Genebra: EUA e Rússia reunidos para discutir tensão na Ucrânia

A Rússia e os Estados Unidos da América iniciaram este fim-de-semana, em Genebra, na Suiça, conversações com vista a apaziguar a recente tensão que foi desencadeada pela presença de milhares de militares russos na fronteira da Rússia com a Ucrânia. As conversações oficiais têm lugar esta segunda-feira.

Da reunião e, respectivas negociações que daí possam advir, foram excluídos dois dos principais interessados: a Ucrânia e a União Europeia.

Em cima da mesa está, recorde-se, desde este domingo em Genebra, em negociações bilaterais entre Washington e Moscovo, a situação tensa na fronteira russo-ucraniana.

Sandra Fernandes, especialista de relações internacionais na Universidade portuguesa do Minho admite ser estranho o formato destes encontros onde não figura, nomeadamente, a Ucrânia.

"Os principais interessados não estão à mesa das negociações. São, com certeza, ouvidos nos corredores. Essa reunião foi preparada na sede da Nato, mas é, de facto, de estranhar essa cimeira de alto nível, sem que, pelo menos na frente diplomática, haja alguma visibilidade dos principais interessados", começou por defender a nossa entrevistada.

Esta é uma semana de intensos contactos diplomáticos entre a Rússia e os Estados Unidos, mas também com a NATO e a OSCE, Organização do Tratado do Atlântico Norte e Organização para a segurança e cooperação na Europa.

Esta série de encontros tem lugar logo após os motins no Cazaquistão, que implicaram a mobilização de meios militares, não só da Rússia, mas também de vários parceiros pertencentes à Organização do Tratado de Segurança Colectiva, que engloba a Arménia, Bielorrúsia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tadjiquistão.

Para Sandra Fernandes, esta é uma situação favorável para o Presidente Putin, uma vez que é "mais um cenário onde ele consegue mostrar capacidade de presença material, através de meios militares, mas também presença diplomática".

"A relação bilateral com o Cazaquistão é forte, é interdependente e, portanto, na grande área de vizinhança da Rússia, com certeza a cimeira com o Presidente americano é sobre a Ucrânia, mas é mais do que isso, é pensar a nova arquitectura de segurança europeia no sentido euroasiático, num sentido amplo, que inclui todas as margens da Rússia", explicou ainda a especialista.

Reunião difícil entre os dois países

Na mesa de negociações está, do lado norte-americano, a secretária de Estado adjunta, Wendy Sherman, e do lado da Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov.

Apesar de ambos os países terem duas personalidades de peso a negociar, as expectativas demonstradas este domingo pelas duas nações não se afiguravam nada animadoras.

Washington prometeu responder com "severidade" a qualquer avanço das tropas russas na Ucrânia, e Moscovo excluiu “concessões” antes mesmo de começar a negociar, este domingo, com os norte-americanos na Suiça.

Os russos já se mostraram inclusivamente desiludidos tanto com os Estados Unidos da América, como com Bruxelas e já ameçaram abandonar as negociações, se as suas pretensões não chegarem "a bom porto". Em cima da mesa estão duas resoluções fulcrais para a Rússia, uma com os EUA e outra com a NATO.

Vladimir Putin já tinha sublinhado anteriormente a necessidade de negociação com os EUA e a NATO "para definir as garantias jurídicas para a segurança do país, a fim de excluir o alargamento futuro da Nato".

Moscovo não vê com "bons olhos" a eventual adesão de Kiev à Nato.

Para além disso, o Presidente russo pretende garantias de que "não serão instalados nem na Ucrânia, nem em países vizinhos sistemas de armamento que possam prejudicar a Rússia". Estas duas informações tinham sido avançadas pelo Kremlin em comunicado, em meados de Dezembro, após uma conversa do Presidente com o homólogo finlandês, Sauli Niinistö.

Por seu turno, os EUA esperam conseguir resultados favoráveis para resolver esta crise através da diplomacia.

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, disse, em entrevista à CNN, que existem, contudo, dois cenários possíveis para resolver os problemas existentes entre estes países.

"Existe um caminho de diálogo e diplomacia para tentar resolver algumas dessas diferenças e evitar um confronto. O outro caminho é o confronto e consequências em massa para a Rússia", prometeu Blinken.

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