A Rússia e os Estados Unidos
da América iniciaram este fim-de-semana, em Genebra, na Suiça, conversações com
vista a apaziguar a recente tensão que foi desencadeada pela presença de
milhares de militares russos na fronteira da Rússia com a Ucrânia. As
conversações oficiais têm lugar esta segunda-feira.
Da reunião e, respectivas
negociações que daí possam advir, foram excluídos dois dos principais interessados:
a Ucrânia e a União Europeia.
Em cima da mesa está,
recorde-se, desde este domingo em Genebra, em negociações bilaterais entre
Washington e Moscovo, a situação tensa na fronteira russo-ucraniana.
Sandra Fernandes,
especialista de relações internacionais na Universidade portuguesa do Minho
admite ser estranho o formato destes encontros onde não figura, nomeadamente, a
Ucrânia.
"Os principais
interessados não estão à mesa das negociações. São, com certeza, ouvidos nos
corredores. Essa reunião foi preparada na sede da Nato, mas é, de facto, de
estranhar essa cimeira de alto nível, sem que, pelo menos na frente
diplomática, haja alguma visibilidade dos principais interessados",
começou por defender a nossa entrevistada.
Esta é uma semana de
intensos contactos diplomáticos entre a Rússia e os Estados Unidos, mas também
com a NATO e a OSCE, Organização do Tratado do Atlântico Norte e Organização
para a segurança e cooperação na Europa.
Esta série de encontros tem
lugar logo após os motins no Cazaquistão, que implicaram a mobilização de meios
militares, não só da Rússia, mas também de vários parceiros pertencentes à
Organização do Tratado de Segurança Colectiva, que engloba a Arménia,
Bielorrúsia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tadjiquistão.
Para Sandra Fernandes, esta
é uma situação favorável para o Presidente Putin, uma vez que é "mais um
cenário onde ele consegue mostrar capacidade de presença material, através de
meios militares, mas também presença diplomática".
"A relação bilateral
com o Cazaquistão é forte, é interdependente e, portanto, na grande área de
vizinhança da Rússia, com certeza a cimeira com o Presidente americano é sobre
a Ucrânia, mas é mais do que isso, é pensar a nova arquitectura de segurança
europeia no sentido euroasiático, num sentido amplo, que inclui todas as
margens da Rússia", explicou ainda a especialista.
Reunião
difícil entre os dois países
Na mesa de negociações está,
do lado norte-americano, a secretária de Estado adjunta, Wendy Sherman, e do
lado da Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov.
Apesar de ambos os países
terem duas personalidades de peso a negociar, as expectativas demonstradas este
domingo pelas duas nações não se afiguravam nada animadoras.
Washington prometeu
responder com "severidade" a qualquer avanço das tropas russas na
Ucrânia, e Moscovo excluiu “concessões” antes mesmo de começar a negociar, este
domingo, com os norte-americanos na Suiça.
Os russos já se mostraram
inclusivamente desiludidos tanto com os Estados Unidos da América, como com
Bruxelas e já ameçaram abandonar as negociações, se as suas pretensões não
chegarem "a bom porto". Em cima da mesa estão duas resoluções
fulcrais para a Rússia, uma com os EUA e outra com a NATO.
Vladimir Putin já tinha
sublinhado anteriormente a necessidade de negociação com os EUA e a NATO
"para definir as garantias jurídicas para a segurança do país, a fim de
excluir o alargamento futuro da Nato".
Moscovo
não vê com "bons olhos" a eventual adesão de Kiev à Nato.
Para além disso, o
Presidente russo pretende garantias de que "não serão instalados nem na
Ucrânia, nem em países vizinhos sistemas de armamento que possam prejudicar a
Rússia". Estas duas informações tinham sido avançadas pelo Kremlin em comunicado,
em meados de Dezembro, após uma conversa do Presidente com o homólogo
finlandês, Sauli Niinistö.
Por seu turno, os EUA
esperam conseguir resultados favoráveis para resolver esta crise através da
diplomacia.
Antony Blinken, secretário
de Estado dos EUA, disse, em entrevista à CNN, que existem, contudo, dois
cenários possíveis para resolver os problemas existentes entre estes países.
"Existe um caminho de diálogo e diplomacia para tentar resolver algumas dessas diferenças e evitar um confronto. O outro caminho é o confronto e consequências em massa para a Rússia", prometeu Blinken.
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