Hoje para fazer uma reflexão
sobre a educação financeira no Brasil: uma disciplina que tem ganhado força,mas
que ainda precisa de ajustes para verdadeiramente transformar a vida da
população.
Não há como negar: educação
financeira passa hoje por seu melhor momento no Brasil. Eu me sinto muito feliz
por fazer parte dessa conquista em um país onde 41% da população adulta ainda
vive com endividamento crônico de acordo com os levantamentos mais recentes. Quando
eu escrevi o meu primeiro livro, "Dinheiro: Os segredos de quem tem",
em 2002, a educação financeira simplesmente não existia no Brasil. As dezenas
ou até as centenas de canais que hoje você segue no Youtube, consequência do
interesse cada vez maior dos brasileiros sobre o assunto, não eram sequer
imaginados.
Na verdade, naquela época, o próprio Youtube era,
no máximo, uma ideia, já que nasceria apenas 3 anos mais tarde. De lá para cá,
a mobilização da sociedade civil e de Governos levou ao surgimento de inúmeras
iniciativas voltadas a mudar a realidade financeira do brasileiro. Foi dessa
mobilização que nasceu, por exemplo, a Estratégia Nacional de Educação
Financeira, a ENEF, que passou a incluir a educação financeira no currículo
escolar.
Uma vitória e tanto, ainda
mais quando comparado à situação que tínhamos aqui no início do século. Mas eu
considero essa vitória ainda parcial, com um longo caminho para melhorias. Você
que me segue nas redes ou é aluno de um dos meus cursos: Inteligência
Financeira ou Equilíbrio Financeiro, já percebeu que a boa educação financeira tem
muito mais a ver com aprender a fazer boas escolhas do que com aprender a fazer
contas.
É muito mais uma educação
pautada em questionamentos filosóficos como: Por que escolhemos e como
escolhemos, e em ferramentas multidisciplinares, do que com uma educação focada
em ensinar finanças ou matemática. Mas, infelizmente, muitos educadores ainda
não se deram conta disso. A maioria das metodologias adotadas hoje no currículo
escolar, tratam de ensinar crianças a fazer contas e somar valores para
projetarem em quanto tempo se tornarão milionárias ou algo do tipo. E em um
país onde a ganância e a corrupção costumam prevalecer, não vejo esse caminho
como certo a seguir. digamos, por exemplo, que seus filhos vão à gôndola de
iogurtes no supermercado. Como fazer a melhor escolha entre um iogurte de R$ 2 e
outro de R$ 2,50? É apenas uma questão de preço ou essa escolha também deve ser
pautada na avaliação do produto com maior valor nutricional, mais qualidade,
que faça mais bem a saúde.
Um dos aspectos fundamentais
da educação financeira é ensinar que existem diferenças significativas entre
produtos semelhantes: A forma de produzir, a qualidade ao aproveitá-los, a forma
de descarte de embalagens, o impacto de cada um em nossa saúde
entre outros aspectos. Por
isso, o aprendizado deve ter como foco gerar grandes transformações de forma
pragmática e útil de maneira que possa ser aplicado com inteligência no dia a
dia. Por exemplo: Por que duas pessoas que trabalham nas mesmas 8 horas por dia
têm salários completamente discrepantes? É tudo uma questão de sorte ou isso
tem mais a ver com a diferença que as duas têm de conhecimento, experiência,
exclusividade e preparo para oportunidades? Inteligência Financeira é isso: Saber
fazer escolhas inteligentes e que produzam efeitos positivos por mais tempo, com
base filosófica, alto conhecimento e entendimento da sociedade.
Claro que as falhas de
metodologia não invalidam o nosso incipiente de educação financeira, sem dúvida,
ajustes são necessários, mas a própria inserção da consciência financeira nas
crianças, já tem gerado grandes resultados e também um saudável debate. Estudos
do banco mundial comprovam que a educação financeira, como tem sido ensinada
nas escolas brasileiras, já transforma muitas vidas. Isso porque, conscientes
da importância dos cuidados com as finanças, as crianças passaram a provocar os
seus pais para refletirem de maneira mais responsável sobre os gastos. Isso
ajuda a melhorar a condição financeira da família ao mesmo tempo que prepara o
terreno para que essas crianças e jovens tenham uma vida adulta com escolhas mais
inteligentes e equilibradas.
A transformação da nossa sociedade começa pela base, e é isso que nos ajudará a romper com a realidade financeira atual e construir mudanças para torná-la cada vez mais justa e menos desigual. Educação financeira, não tenho dúvidas, é o caminho certo para melhorar a sociedade.
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